APRESENTAÇÃO


Este site foi criado para disponibilizar material didático aos professores do Esquema I - Centro Paula Souza, nas disciplinas Metodologia de Ensino e Currículos da Educação Profissional.

Aqui você encontrará uma série de textos, experiências e propostas de recursos para serem utilizados no dia a dia sempre dinâmico da sala de aula.

Como no ensino-aprendizagem não há receitas e o ensinar é sempre um constante desafio, ficam aqui registradas as muitas vivências de diversos profissionais.

Agora nossos estudos estarão voltados para a Gestão Escolar, assunto importantíssimo para todos.

Espero que gostem !

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

VOCÊ FAZ PARTE ?

Certa feita estive lendo um artigo sobre uma aluna que ouviu uma bronca na sua sala que nunca esqueceu.

A bronca do professor foi em meio a uma desatenção generalizada e alunos conversando em vozes altas, que faziam com que parecesse não haver um professor na sala.

Foi quando então um professor calmamente discursou sobre os 5%.

Contava o excelente professor, que apenas 5% das pessoas se destacam dentro de seus grupos sociais. Logo, apenas 5% dos trabalhadores se destacam em uma empresa, 5% dentro de uma geração de família, 5% dentre os próprios professores, 5% dentre várias empresas, enfim, da maioria dos grupos, temos apenas 5% que conseguem se destacar.

E aquele professor continuara seu recado, que marcara a vida daqueles alunos para sempre. E ainda hoje, muitos reproduzem e lembram do seu fantástico raciocínio empírico. Com paciência e convicção serene, o professor alertou que entre aqueles alunos, daquela sala, também, apenas 5% dos alunos se destacariam. Dizia ele, que só 5% tem metas claras e planos bem elaborados para o futuro, 5% prestam atenção nas informações e valorizam agregar saberes, 5% se tornariam bons profissionais e estariam, após formados, aptos para serem exímios na sua profissão. A aluna jamais esquecera aquele recado e teve como sua base de determinação, pertencer aos 5% de qualquer grupo social que pertença.

Fica claro então, que o conhecimento experimental do professor, fez com que ele entendesse que 95% ficariam a margem do êxito ou sucesso no que pretendiam. Sendo assim, infere-se, que a maioria não é um bom exemplo para ser seguido. E se a maioria não pode ser referência para ser seguida então com certeza, teremos pessoas pensando diferente, agindo diferente e com um contraste de comportamento.

Também admirei um outro escritor que comentava para nos diferenciarmos da maioria, pois, segundo ele, a maoiria nunca foi e nunca será uma boa referência.

Se a maioria levanta tarde todo dia, levantemos mais cedo. Se a maioria trabalha de dia e assiste TV à noite, leiamos um bom livro e estudemos. Se a maioria não faz algo produtivo no fim de semana – e aqui vale lembrar que entretenimentos e atenção para a família são produtivos – façamos, se a maioria não faz cursos de atualização nas férias e não agrega outros saberes adicionais, façamos.

Teremos uma diferenciação dos demais, por isso ouvimos muitos falarem veementemente: “Faça a diferença!”.

Em contra-partida, cabe-nos também pensar: “E como será essa relação entre a minoria e a maioria? Entre os 5% e os 95%?

Sabemos a alteridade se apresenta de diversas formas, ou seja, os diferentes parecem não conviverem muito pacificamente. Somente os mais evoluídos, instruídos e inteligentes conseguem conviverem com a diferença. Mas se acabamos de dizer que poucos tem essa qualidade, podemos então dizer que haverá conflitos de idéias, opiniões e comportamento.

Podemos nos perguntar ou passar a observar, como as pessoas convivem com os mais aplicados, determinados e evidentes. Já ouvi dizer que algumas pessoas têm uma tendência de vândalismo moral, que quando vêem uma árvore com muitos frutos querem atirar pedras para derrubá-los, ou quando vêem uma vidraça cara e bonita querem quebrar. Será que há este sentimento tão vil nas pessoas? Esta comportamento poderia se transferir socialmente, causando uma certa resistências nas pessoas sobre alguém que age e se comporta diferente dela. É como se o comportamento do outro falasse alguma coisa.

Somente na observação, seremos capazes de compreender se as pessoas que se destacam convivem sem conflitos com aquelas mais acomodadas ou que não tem a mesma prioridade profissional ou de realização pessoal.

Historicamente, temos relatos de personagens que foram perseguidos porque pensaram diferente das outras pessoas de sua época e sofreram retaliações.

Poderíamos lembrar do cientista que já tinha certeza de que a terra não era um abismo, quando todos cegamente criam na versão da igreja, de que se houvesse navegações para além de certo limite, os navegantes cairiam em um abismo e nunca mais voltariam. A sociedade da época atrasou-se durante décadas ou séculos, crendo passivamente nessas idéias e não as questionando. No entanto, Galileu Galilei mesmo descobrindo algo que “a maioria” tinha por certo, teve que se retratar, porque tinha contrariado o pensamento de sua época. Alguns homens de influência, manipularam a opinião dos outros para que perseguissem aquele que havia se adiantado.

Aproveitando o ensejo do assunto, que faz menção a religião, podemos para efeito ilustrativo, sem discutir crenças, lembrar da história da perseguição e crucificação de Cristo.

Conta-se que Cristo apenas curava, ressuscitava e operava milagres e também tinha revelações de Deus que eram desconhecidas pelos fariseus. Em virtude, disto os fariseus, cheios de inveja e incômodo conseguiram manipular a opinião pública para que aqueles que um dia foram curados e saciados por Cristo o crucificassem.

Poderíamos falar também de Sócrates que teve de beber o veneno de cicuta para sua própria morte. Mas porque Sócrates, um homem de conhecimento fantástico e tão proeminente, que parecia viver 2 mil anos à frente de seus contemporâneos, dividindo o tempo em pré-socrático e pós-socrático, fora obrigado a tirar a sua própria vida com veneno?

Porque ele questionava os pensamentos predominantes, levava as pessoas à reflexão. Contrariava a grandes, contrariava dogmas e expressava sua sabedoria por onde andava. Foi acusado de fomentar heresia contra Deuses e induzir jovens a perdição. Não foi diferente com Platão e com outros tantos que faríamos um livro se fossemos comentar.

Alguns exemplos nacionais também são interessantes. Particularmente fiquei impressionado quando assisti o filme que falava sobre Irineu Evangelista de Souza, mais conhecido como “Barão de Mauá”. Homem de sucesso e cheio de garra, entusiasmado, simpático, sonhador e muito competente. Tinha todas as qualidades para ser objeto de admiração e respeito, no entanto, incomodou a outras pessoas, influenciaram o imperador que antes até o respeitava, mas por influências e opiniões maldosas, passou a não apoiá-lo e além disto a oferecer dificuldades. O barão chegou a falir e cair na miséria. Um filme emocionante e de um toque fantástico, até para pessoas que como eu, são críticos de filmes nacionais.

Porque estes homens que citamos, tiveram uma grande massa contra si?

Às vezes entendemos que se muitos dizem, é porque é verdade, pois onde tem fumaça tem fogo. Mas estamos vendo que não é bem assim. Algumas pessoas, por alguns motivos pessoais, e por terem um caráter manipulador, conseguem cruelmente influenciar pessoas sem personalidade e fomentar o veneno contra outros, roubando a boa imagem de alguém e incitando a outros para seu intento. E é incrível, a facilidade que estas pessoas têm para obterem êxito. Pelo menos podemos ver sobre os fatos que mencionamos aqui e outras injustiças que a história relata, como Joana D´arc, que salvara a França, mas em vez de morrer como heroína, morrera como bruxa, queimada em uma fogueira.

Esses e outros fatos parecem mostrar que é meio arriscado ficar em evidência. Nunca se sabe a quem vamos incomodar. Nunca se sabe a personalidade ciumenta e o amargo ressentimento pelo sucesso alheio que poderemos despertar em alguém.

Se houver a possibilidade de assim como nesses casos, existirem pessoas que manipulem opiniões e fomentam a perseguição contra outros, muitas pessoas, são então, prejudicadas por culpa de seu próprio sucesso, ou ainda por estar caminhando para este. Também é curioso de como as pessoas são “volúveis” a abraçarem idéias e tem uma personalidade fraca para ao em vez de repreender uma injusta agressão, acabam tomando parte da causa.

Eu já fiquei por horas “encanado” com as palavras de Oscar Wilde:

“A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular, é indispensável ser medíocre”.

O que querem dizer essas palavras? Quer dizer que belas impressões nem sempre causam admiração e elogios? E também que a mediocridade é receita ideal para ser popular? Para compreender profundamente esta máxima de Oscar Wilde, teríamos que saber mais sobre ele, mas parece ser suficiente para entendermos que nem sempre pessoas promissoras são apoiadas e bem quistas por todos.

A maioria parece incomodar-se com a minoria e a minoria é sempre mais fraca que a maioria.

Para que a sociedade não continue cometendo erros que já cometeu, torna-se necessário elogiarmos os que são dignos de elogio, dar a mão aos que estão subindo, ou até mesmo empurrar para cima, quando não podemos subir, mas outros podem.

Também sempre estarmos aptos a perceber quando alguém é alvo de manipulações ou observarmos mais atentamente os comentários que ouvimos, e da forma que ouvimos, pois esta pessoas podem ter incomodado alguém por seu comportamento promissor e não queremos fazer parte da maioria que não tem discernimento.

É interessante como o ser humano pode ser rival, competitivo injusto, promíscuo, egoísta e mesquinho. Sujamos nossa história com mentiras, perseguições implacáveis a bons cidadãos, matamos heróis e condenamos santos. Se anjos habitassem conosco, poderíamos fazê-los mal.

Como seria se fossemos diferentes?

Poderíamos ter ótimos momentos familiares se irmãos respeitassem irmãos. Poderíamos ter todos bons ambientes de trabalhos se não estivéssemos como que atrás de uma taça que só pode ser levada por um. Poderíamos ter bons vizinhos, se não estivéssemos querendo ver que casa ou carro é melhor em vez de pelo menos dar um simpático bom dia.

Sejamos a minoria ética, minoria sábia, profissional e livre de doenças psicossomáticas oriundas de rancor e estresse.

Façamos parte dos 5%, mas estejamos prontos a sofre oposição. Deixemos que as pessoas predispostas a se perseguir sonhadores colham seu próprio mal, pois sempre, sempre, o colhem.


Fonte: http://www.webartigos.com/articles/2105/1/Vocecirc-Faz-Parte-Dos-5-/pagina1.html#ixzz15Y7k1p8G

A ESCOLA E A GERAÇÃO Y

Geração Y: o seu novo desafio
www.gestaoeducacional.com.br
Gestor, uma das perguntas que, se você ainda não se fez, deve fazer o quanto antes é: quem é o meu público? A quem minha instituição está atendendo? Quais são as competências que os docentes precisam desenvolver para atender bem às necessidades dessas pessoas?

Essas são algumas questões abordadas no livro Educação 2006, lançado este mês pela Humana Editorial, com a colaboração de grandes nomes da educação, como Rubem Alves, Claudio de Moura Castro e Samuel Lago. Nele, constam as mais variadas tendências para os próximos 12 meses.

Para você sentir o gostinho do que vem por aí, selecionamos alguns trechos do texto do professor da UFPR e psicólogo Eugenio Pereira de Paula Júnior. Boa leitura.

Quem é o sujeitinho que freqüenta sua escola, gestor?
Não é mais o hippie com roupas coloridas e sua alegria gratuita, nem o punk com roupas imundas e riso de escárnio. Nem o gótico com vestes escuras e ar depressivo. Também não são os cabeludos e sua música barulhenta. Quem está sentada à sua frente é a Geração Y, formada por pessoas nascidas entre 1978 e 1994, precedida pela Geração “baby boomers" (nascida entre 1945 e 1961) e pela a Geração X (nascida entre 1962 e 1977).

Mas por que Y? Existem duas analogias. Na versão descendente, seria a convergência das duas gerações precedentes: a repressiva, dos anos 50 e 60, e a libertina, dos anos 70 e 80.

Na versão ascendente, o Y seria a bifurcação para dois caminhos, um formando o cidadão, construtor da nova ordem social, e o outro formando o selvagem de Huxley, o arauto da desconstrução.

É a pós-modernidade corporificada. Platão dizia que o corpo é a prisão da alma. O corpo da geração Y encarcera uma alma pós-moderna, que se caracteriza pelo antagônico, supérfluo, efêmero, intenso, diverso, pela ambigüidade, transitoriedade, voluptuosidade e fluidez, mas também pela pressa e inversão de valores. Uma geração que sabe o que quer, mas é apática ante os problemas sociais.

É uma geração ultra-informada, porém alienada, que não sabe utilizar a informação de forma racional. É independente, desconfortável e desconfortante. Bela e assustadora. Pulsa entre o Frankenstein de Shelley e o Bom Selvagem de Rousseau.
As bases desse ser

Piaget afirmava que as pessoas constroem sua realidade a partir da realidade dada; novos esquemas alicerçam-se sobre os antigos. Rebelde, esta geração quer contradizê-lo ao construir novos esquemas sem os antigos, quer ter novos comportamentos sem bases ou fundamentos anteriores.

Disso emerge um ser de subjetividade, idiossincrático, que possui em si uma nação. O homem da Geração Y é um microcosmo auto-suficiente, o supra- umo do paradoxo da sociedade capitalista. O mundo torna-se bilhões de mundinhos que disputam entre si por seus territórios. Este paradoxo entre o particular e o coletivo gera diferenças regionais que mesclam as particularidades de cada ethos, ao mesmo tempo que padroniza comportamentos, normas e valores.

Estas diferenças, inerentes ao homem e necessárias ao movimento evolutivo, alcançaram limiares perigosos, que manifestam-se em duas instâncias:
  • Espacial: instaura-se a disputa por territórios, fronteiras e regiões que estão sendo diluídas pela globalização. Essa, com seu núcleo dialético, pasteuriza o homem, faz fronteiras virarem fumaça e os territórios se esvanecerem. O que resta são tribos, hordas e gangues vagando por um pseudo-espaço que tende a tornar-se cada vez mais virtual. A territoriedade, que contribui para a formação da identidade do indivíduo, desvaneceu-se e testemunhamos a despersonalização do eu e o conseqüente recrudescimento de vários problemas sociais, principalmente a violência.
  • Temporal: os conflitos entre gerações se acirram. Na Geração “baby boomers” os conflitos ocorriam entre netos e avós, com uma diferença de 50 anos. Na Geração X, o conflito era entre pais e filhos, com uma diferença etária de aproximadamente 20 anos. Hoje o conflito de gerações é em tempo real, pois no mesmo tempo histórico vemos as mais diversas disputas de valores e tudo fica obsoleto, desatualizado e antiquado mais rápido.
O que acarreta

Há ainda o problema das fronteiras etárias que diluem a cronologia. A idade passa a ser um estado mental/cognitivo ou de espírito. São jovens de 25 anos, mais velhos do que senhores de 70, adolescentes de 30 anos e crianças de 8 anos que já abandonaram os brinquedos.

O acirramento das diferenças pode tornar-se veneno se ultrapassar o limiar do racional. O perigo é a ruptura total, uma divisão radical em que se perca o contato espacial e temporal e não exista mais um amalgama para a ordem social. Pode ainda findar num fundamentalismo entre o novo e o velho, particular e coletivo, interno e externo, metrópole e interior, e teremos um mundo inabitável, cujas vítimas serão incontáveis.

Embora o momento histórico pareça crítico, lembremos de Marx, quando ele dizia que o homem se faz ao fazer o mundo. A visão determinista não precisa ser o script do mundo. Guardando as devidas proporções entre Victor Hugo, que nos convida a apostar no homem, e Emile Zola, que nos adverte a não nos iludirmos com este mesmo homem, a humanidade possui a capacidade de salvar ou acabar com o planeta.
Influências tecnológicas

A mídia tem sido muito eficiente, embora na direção errada, em influenciar condutas. A televisão, com seus objetivos escusos, qualidade duvidosa e efeitos desastrosos, é seu principal instrumento e tem dois efeitos sobre a Geração Y.

1- Como veículo é difusora de regras, ideologias e valores, pois influencia e determina o comportamento de seus usuários (ou seriam vitimas?). A televisão acompanhou o crescimento da Geração X e influencia a Geração Y. Tornou-se veículo e objeto da globalização e da pós-modernidade, sendo um instrumento poderoso na formação ideológica e até de dominação cultural entre os povos. É comum ouvirmos de uma criança diante de um televisor frases do tipo “eu quero um daquele” (produto) e “eu quero ser igual a ele” (ao ídolo).

2- Como aparelho, a televisão imbeciliza o indivíduo, que fica passivo diante da tela. A televisão, que está presente em casas sem geladeira, é colocada em um locus em forma de altar e ganha status de santuário. Isola as pessoas, pois cada um tem seu aparelho e, quando seu uso é coletivo, implica em que todos se calem. O tempo em que o aparelho fica ligado é infinitas vezes maior do que o tempo gasto em leitura ou conversas de qualidade.

Aliar a televisão, o computador e a Internet está trazendo mudanças profundas na nova ordem social, talvez tão profundas quanto o fez o automóvel no século XX. Porém, ainda é prematuro fazer uma análise mais segura destas mudanças. Não devemos estranhar se virmos a Internet sendo ferramenta de dominação e desconstrução do indivíduo, jogando-o novamente nas armadilhas da degredação.
Sem lema

As artes também fazem parte destas armadilhas, e o que seria instrumento de conscientização e libertação da opressão torna-se ferramenta de dominação, desconstrução e alienação.

O primeiro deles, o cinema, tornou-se veículo de pasteurização do indivíduo, haja vista os recordes de bilheteria dos filmes “comerciais”, enquanto os “intelectuais” são exibidos em salas praticamente vazias.

O segundo instrumento, que seria uma ferramenta em prol da humanidade – o teatro – foi relegado aos porões e espaços alternativos. E a música, terceiro instrumento, que na Geração X foi o escudo e a espada contra a opressão militar, hoje é refém do mercado fonográfico e toca a trilha sonora da alienação. A música comercial e a música cultural travam uma luta desigual nas rádios e shows.
Modelos

A família e a escola, outros dois agentes de relação, devem ser tratados com mais cuidado. Os pais dos anos 50 e 60 foram modelos de como não deveríamos ou não gostaríamos de ser. Os dos anos 70 e 80 não formam modelos, estavam ausentes. Agora buscamos o meio termo: pais que sejam modelos a serem seguidos. Não precisam ser perfeitos, basta serem humanos e conscientes.

A Geração Y esta se preparando para exercer sua função de família e um obstáculo deve ser transposto: a qualificação dos pais. Os pais de hoje não querem, não podem e não sabem educar seus filhos. Não querem porque não os planejaram; os filhos apareceram por “acidentes” ou “descuidos”. Não podem porque trabalham para prover as condições materiais e acabam impedidos da convivência para uma formação moral da criança. E não sabem porque não tiveram um modelo de como ser pais.

Desta inadequação da família surge a conflituosa relação entre pais e filhos, que tem se mostrado desigual, pois os filhos (mais letrados e sociabilizados) possuem maior força e habilidade argumentativa. Os pais, por outro lado, além de não dominarem a mesma retórica, estão impossibilitados de usarem ações coercitivas.
Escola
Para a Geração “baby boomers”, a escola era o santuário do saber. Na Geração X esta torna-se uma praça de guerra entre professores e alunos, bem ilustrada no filme “Ao mestre com carinho”.

Hoje a escola tornou-se a arena na qual os professores que perderam aquela guerra estão jogados às feras. Na escola particular ele é tratado como reles empregado, devendo subjugar-se aos caprichos dos alunos que alegam pagar seu soldo. Na escola pública o professor deve conter-se para não ser vítima da violência de alunos que não conhecem limites.

Entretanto, nem tudo é desastre. Existe alternativa a todo este pessimismo. O capitalismo cria sua própria ruína, traz em si a semente de mostarda da sua superação. A televisão tem em seu ventre a semente da conscientização. A Internet pode socializar a resistência. No cinema ainda veremos o “Davi” Almodóvar vencer o “Golias” Spielberg. No teatro Brecht, Tchecov e Pirandelo ainda não apresentaram o último ato, o ato da humanidade. E a música poderá ser a trilha sonora de uma sociedade mais justa e menos desigual.

A escola deve tornar-se uma Umuarama (onde todos se encontram) e os professores são convocados a tornarem-se catalisadores do otimismo. As aulas devem ser os círculos de cultura de Paulo Freire e os alunos serão protagonistas de um novo mundo.
Soluções possíveis

Enfim, para que a Geração Y tenha parâmetros e fundamentos em suas ações futuras, é preciso resgatar a função da família ou encontrar uma instituição substituta (talvez uma nova escola), para a construção das bases, individuais e sociais, da coletividade.

O grande desafio dos pais e educadores é alimentar esta geração faminta. Com fome de afeto, orientação e valores. O desafio é descobrir as potencialidades de cada filho/aluno. Construir com ele profecias auto-realizáveis positivas e vitoriosas. É necessário construir vias de negociação, conversação e diálogo.

Num momento histórico em que riqueza tecnológica contrasta com pobreza cognitiva, é preciso despertar a curiosidade inerente a cada indivíduo em prol da superação (e não criação) dos problemas sociais. Na contramão da história, é preciso construirmos em nossos alunos a preocupação com a polis, com o coletivo, abandonando a visão egocêntrica do cada um por si.

Temos os suportes materiais e sociais, é hora de investirmos em inteligência científica e nas capacidades acadêmicas de todos os indivíduos. É preciso uma nação intelectual (com todos os cérebros oferecendo todas as suas potencialidades ao todo) e não uma elite intelectual, expropriada pelo capital.

VAMOS PARA A CORÉIA

Para os jovens sul-coreanos, a Pedagogia é um campo promissor. O prestígio da carreira de professor na Coréia do Sul faz com que os jovens sonhem em seguir a profissão. Até mesmo quem não é sul-coreano compartilha o desejo. Soleiman Dias, brasileiro de Fortaleza, foi para Seul lecionar, em 2001, depois de concluir mestrado em Educação Internacional nos Estados Unidos. Deu aulas de Imersão Cultural, disciplina que trata de valores tradicionais coreanos sob um olhar estrangeiro para turmas de 1º e 2º anos do Ensino Fundamental na Kyonggi Elementary School. "Essa atuação me valeu o título de cidadão honorário da Coréia do Sul, que recebi das mãos do prefeito de Seul, no ano passado." Sempre muito ligado ao ensino - é filho de uma funcionária pública que trabalhava no Ministério da Educação e de um professor universitário de Língua Portuguesa -, Soleiman conta que escolheu ser professor na Coréia do Sul por saber que lá teria boas condições de trabalho. Além de benefícios e bônus conforme os anos de experiência, um recém-formado que trabalha 40 horas semanais ganha o equivalente a 4 mil reais por mês. Com 20 anos de carreira, esse valor dobra. "Além de receber um salário digno e de ter três meses de férias - muito mais do que os 12 dias dos outros profissionais -, sou tido como essencial para o país."

APENAS OS MELHORES PROFESSORES

Selecionar os melhores professores. Este é o quarto mandamento do estudo da consultoria McKinsey para uma nação chegar ao topo da Educação. O estudo, chamado de Os Sistemas Escolares de Melhor Desempenho do Mundo Chegaram ao Topo, diz que: "A qualidade de um sistema educacional não será maior que a qualidade de seus professores."

Outros estudos comprovam que o professor é o principal responsável pelo sucesso da aprendizagem. Seu conhecimento e sua atuação em sala de aula são o fator mais decisivo para o desempenho da turma, ultrapassando em importância o material didático e as metodologias de ensino. Não por acaso, escolher bons profissionais é uma das políticas mais disseminadas entre os países de alto desempenho. Na Coréia do Sul, considerado o modelo a seguir, os futuros professores do Ensino Fundamental são recrutados entre os 5% dos alunos com melhor desempenho no Ensino Médio - as notas de corte da carreira são altíssimas. Situação bem diferente da brasileira: por aqui, boa parte do professorado vem dos 20% piores alunos. Nesse grupo, um em cada três estudantes sonha com a docência. Entre os 20% melhores alunos, a carreira atrai um contingente bem menor: só 11% das turmas.

A receita sul-coreana para seduzir os melhores é uma combinação de salário inicial atraente, possibilidade de aprimoramento profissional e chance de trabalhar numa carreira valorizada socialmente - coisas distantes da nossa realidade.

Graças a uma formação de ótima qualidade, a salários iniciais atraentes - o equivalente a 4 mil reais mensais - e à valorização da função de professor, a Coréia do Sul consegue direcionar para o Magistério seus melhores alunos. Os futuros educadores só garantem vaga na faculdade após terem sua performance no equivalente ao Ensino Médio avaliada e tirarem pontos altíssimos em uma prova. Contam também para a seleção o conhecimento em línguas e Matemática e as habilidades de comunicação, básicas para quem ensina. Dessa peneira, saem só os 5% de melhor desempenho.

Concluir o curso também não é fácil. São quatro anos em período integral, com estágios em escolas que funcionam dentro da universidade, onde os estudantes são acompanhados por tutores. Terminada a graduação, é hora de fazer o mestrado, obrigatório para lecionar (leia o quadro à direita). São estímulos a infra-estrutura oferecida pela rede pública e a garantia de trabalho - o número de graduandos atende apenas à demanda.

Situação bem diferente é encontrada no Brasil, onde 30% dos estudantes de Pedagogia saem do grupo com as piores notas no Ensino Médio. Os resultados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) de 2005 mostram que apenas 2% desses cursos tiveram nota máxima. A má formação dos jovens é reflexo também de sua condição socioeconômica. Pesquisa realizada com base nesse exame pela consultora em Educação pública Paula Louzano mostra que 50% das mães dos futuros professores concluíram apenas o 1º ciclo do Ensino Fundamental - contra apenas 19% dos estudantes de Engenharia, por exemplo (leia mais no quadro da página ao lado). Outro dado emblemático é que cerca de 48% das famílias dos professores têm renda mensal de no máximo três salários mínimos. Configura-se, assim, um círculo vicioso: jovens mal formados ingressam numa carreira desprestigiada - apesar de estratégica - e vão lecionar para crianças e adolescentes que sairão da Educação Básica igualmente mal formados.

PARCERIAS - UM COMEÇO IMPORTANTE

Dicas de Marcos Antônio Biffi, professor da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Grande São Paulo, e de Emerson Morais, gerente-executivo do Sebrae.
1. Levante dados Entreviste a comunidade e analise o desempenho dos alunos para definir problemas, prioridades e objetivos.
2. Elabore um projeto Escreva uma proposta com as metas, os custos e as contrapartidas que a escola oferece para o possível parceiro.
3. Escolha o parceiro certo Busque entidades próximas com experiência em educação. Antes de marcar a reunião, conheça a missão delas.
4. Prepare-se para o encontro Seja claro nas intenções do projeto e evite o "pedagogês".
5. Invista na avaliação Explicite como serão medidos e divulgados os resultados.
6. Tenha iniciativa Preveja os possíveis problemas e tenha planos para resolvê-los.

MÚLTIPLOS INTERESSES E EXPERIÊNCIAS

MÚLTIPLOS INTERESSES E EXPERIÊNCIAS
Diferentes idades, objetivos, buscas e experiências tornam o desafio do professor muito maior.

TEORIA E PRÁTICA

TEORIA E PRÁTICA
Apresentar uma teoria que possa ser visualizada na prática - esse é o princípio da formação profissional.

TCCs - A VIVÊNCIA PROFISSIONAL

TCCs - A VIVÊNCIA PROFISSIONAL
Estudo Dirigido permitindo a definição de temas adequados para o TCC