APRESENTAÇÃO


Este site foi criado para disponibilizar material didático aos professores do Esquema I - Centro Paula Souza, nas disciplinas Metodologia de Ensino e Currículos da Educação Profissional.

Aqui você encontrará uma série de textos, experiências e propostas de recursos para serem utilizados no dia a dia sempre dinâmico da sala de aula.

Como no ensino-aprendizagem não há receitas e o ensinar é sempre um constante desafio, ficam aqui registradas as muitas vivências de diversos profissionais.

Agora nossos estudos estarão voltados para a Gestão Escolar, assunto importantíssimo para todos.

Espero que gostem !

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

VOCÊ FAZ PARTE ?

Certa feita estive lendo um artigo sobre uma aluna que ouviu uma bronca na sua sala que nunca esqueceu.

A bronca do professor foi em meio a uma desatenção generalizada e alunos conversando em vozes altas, que faziam com que parecesse não haver um professor na sala.

Foi quando então um professor calmamente discursou sobre os 5%.

Contava o excelente professor, que apenas 5% das pessoas se destacam dentro de seus grupos sociais. Logo, apenas 5% dos trabalhadores se destacam em uma empresa, 5% dentro de uma geração de família, 5% dentre os próprios professores, 5% dentre várias empresas, enfim, da maioria dos grupos, temos apenas 5% que conseguem se destacar.

E aquele professor continuara seu recado, que marcara a vida daqueles alunos para sempre. E ainda hoje, muitos reproduzem e lembram do seu fantástico raciocínio empírico. Com paciência e convicção serene, o professor alertou que entre aqueles alunos, daquela sala, também, apenas 5% dos alunos se destacariam. Dizia ele, que só 5% tem metas claras e planos bem elaborados para o futuro, 5% prestam atenção nas informações e valorizam agregar saberes, 5% se tornariam bons profissionais e estariam, após formados, aptos para serem exímios na sua profissão. A aluna jamais esquecera aquele recado e teve como sua base de determinação, pertencer aos 5% de qualquer grupo social que pertença.

Fica claro então, que o conhecimento experimental do professor, fez com que ele entendesse que 95% ficariam a margem do êxito ou sucesso no que pretendiam. Sendo assim, infere-se, que a maioria não é um bom exemplo para ser seguido. E se a maioria não pode ser referência para ser seguida então com certeza, teremos pessoas pensando diferente, agindo diferente e com um contraste de comportamento.

Também admirei um outro escritor que comentava para nos diferenciarmos da maioria, pois, segundo ele, a maoiria nunca foi e nunca será uma boa referência.

Se a maioria levanta tarde todo dia, levantemos mais cedo. Se a maioria trabalha de dia e assiste TV à noite, leiamos um bom livro e estudemos. Se a maioria não faz algo produtivo no fim de semana – e aqui vale lembrar que entretenimentos e atenção para a família são produtivos – façamos, se a maioria não faz cursos de atualização nas férias e não agrega outros saberes adicionais, façamos.

Teremos uma diferenciação dos demais, por isso ouvimos muitos falarem veementemente: “Faça a diferença!”.

Em contra-partida, cabe-nos também pensar: “E como será essa relação entre a minoria e a maioria? Entre os 5% e os 95%?

Sabemos a alteridade se apresenta de diversas formas, ou seja, os diferentes parecem não conviverem muito pacificamente. Somente os mais evoluídos, instruídos e inteligentes conseguem conviverem com a diferença. Mas se acabamos de dizer que poucos tem essa qualidade, podemos então dizer que haverá conflitos de idéias, opiniões e comportamento.

Podemos nos perguntar ou passar a observar, como as pessoas convivem com os mais aplicados, determinados e evidentes. Já ouvi dizer que algumas pessoas têm uma tendência de vândalismo moral, que quando vêem uma árvore com muitos frutos querem atirar pedras para derrubá-los, ou quando vêem uma vidraça cara e bonita querem quebrar. Será que há este sentimento tão vil nas pessoas? Esta comportamento poderia se transferir socialmente, causando uma certa resistências nas pessoas sobre alguém que age e se comporta diferente dela. É como se o comportamento do outro falasse alguma coisa.

Somente na observação, seremos capazes de compreender se as pessoas que se destacam convivem sem conflitos com aquelas mais acomodadas ou que não tem a mesma prioridade profissional ou de realização pessoal.

Historicamente, temos relatos de personagens que foram perseguidos porque pensaram diferente das outras pessoas de sua época e sofreram retaliações.

Poderíamos lembrar do cientista que já tinha certeza de que a terra não era um abismo, quando todos cegamente criam na versão da igreja, de que se houvesse navegações para além de certo limite, os navegantes cairiam em um abismo e nunca mais voltariam. A sociedade da época atrasou-se durante décadas ou séculos, crendo passivamente nessas idéias e não as questionando. No entanto, Galileu Galilei mesmo descobrindo algo que “a maioria” tinha por certo, teve que se retratar, porque tinha contrariado o pensamento de sua época. Alguns homens de influência, manipularam a opinião dos outros para que perseguissem aquele que havia se adiantado.

Aproveitando o ensejo do assunto, que faz menção a religião, podemos para efeito ilustrativo, sem discutir crenças, lembrar da história da perseguição e crucificação de Cristo.

Conta-se que Cristo apenas curava, ressuscitava e operava milagres e também tinha revelações de Deus que eram desconhecidas pelos fariseus. Em virtude, disto os fariseus, cheios de inveja e incômodo conseguiram manipular a opinião pública para que aqueles que um dia foram curados e saciados por Cristo o crucificassem.

Poderíamos falar também de Sócrates que teve de beber o veneno de cicuta para sua própria morte. Mas porque Sócrates, um homem de conhecimento fantástico e tão proeminente, que parecia viver 2 mil anos à frente de seus contemporâneos, dividindo o tempo em pré-socrático e pós-socrático, fora obrigado a tirar a sua própria vida com veneno?

Porque ele questionava os pensamentos predominantes, levava as pessoas à reflexão. Contrariava a grandes, contrariava dogmas e expressava sua sabedoria por onde andava. Foi acusado de fomentar heresia contra Deuses e induzir jovens a perdição. Não foi diferente com Platão e com outros tantos que faríamos um livro se fossemos comentar.

Alguns exemplos nacionais também são interessantes. Particularmente fiquei impressionado quando assisti o filme que falava sobre Irineu Evangelista de Souza, mais conhecido como “Barão de Mauá”. Homem de sucesso e cheio de garra, entusiasmado, simpático, sonhador e muito competente. Tinha todas as qualidades para ser objeto de admiração e respeito, no entanto, incomodou a outras pessoas, influenciaram o imperador que antes até o respeitava, mas por influências e opiniões maldosas, passou a não apoiá-lo e além disto a oferecer dificuldades. O barão chegou a falir e cair na miséria. Um filme emocionante e de um toque fantástico, até para pessoas que como eu, são críticos de filmes nacionais.

Porque estes homens que citamos, tiveram uma grande massa contra si?

Às vezes entendemos que se muitos dizem, é porque é verdade, pois onde tem fumaça tem fogo. Mas estamos vendo que não é bem assim. Algumas pessoas, por alguns motivos pessoais, e por terem um caráter manipulador, conseguem cruelmente influenciar pessoas sem personalidade e fomentar o veneno contra outros, roubando a boa imagem de alguém e incitando a outros para seu intento. E é incrível, a facilidade que estas pessoas têm para obterem êxito. Pelo menos podemos ver sobre os fatos que mencionamos aqui e outras injustiças que a história relata, como Joana D´arc, que salvara a França, mas em vez de morrer como heroína, morrera como bruxa, queimada em uma fogueira.

Esses e outros fatos parecem mostrar que é meio arriscado ficar em evidência. Nunca se sabe a quem vamos incomodar. Nunca se sabe a personalidade ciumenta e o amargo ressentimento pelo sucesso alheio que poderemos despertar em alguém.

Se houver a possibilidade de assim como nesses casos, existirem pessoas que manipulem opiniões e fomentam a perseguição contra outros, muitas pessoas, são então, prejudicadas por culpa de seu próprio sucesso, ou ainda por estar caminhando para este. Também é curioso de como as pessoas são “volúveis” a abraçarem idéias e tem uma personalidade fraca para ao em vez de repreender uma injusta agressão, acabam tomando parte da causa.

Eu já fiquei por horas “encanado” com as palavras de Oscar Wilde:

“A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular, é indispensável ser medíocre”.

O que querem dizer essas palavras? Quer dizer que belas impressões nem sempre causam admiração e elogios? E também que a mediocridade é receita ideal para ser popular? Para compreender profundamente esta máxima de Oscar Wilde, teríamos que saber mais sobre ele, mas parece ser suficiente para entendermos que nem sempre pessoas promissoras são apoiadas e bem quistas por todos.

A maioria parece incomodar-se com a minoria e a minoria é sempre mais fraca que a maioria.

Para que a sociedade não continue cometendo erros que já cometeu, torna-se necessário elogiarmos os que são dignos de elogio, dar a mão aos que estão subindo, ou até mesmo empurrar para cima, quando não podemos subir, mas outros podem.

Também sempre estarmos aptos a perceber quando alguém é alvo de manipulações ou observarmos mais atentamente os comentários que ouvimos, e da forma que ouvimos, pois esta pessoas podem ter incomodado alguém por seu comportamento promissor e não queremos fazer parte da maioria que não tem discernimento.

É interessante como o ser humano pode ser rival, competitivo injusto, promíscuo, egoísta e mesquinho. Sujamos nossa história com mentiras, perseguições implacáveis a bons cidadãos, matamos heróis e condenamos santos. Se anjos habitassem conosco, poderíamos fazê-los mal.

Como seria se fossemos diferentes?

Poderíamos ter ótimos momentos familiares se irmãos respeitassem irmãos. Poderíamos ter todos bons ambientes de trabalhos se não estivéssemos como que atrás de uma taça que só pode ser levada por um. Poderíamos ter bons vizinhos, se não estivéssemos querendo ver que casa ou carro é melhor em vez de pelo menos dar um simpático bom dia.

Sejamos a minoria ética, minoria sábia, profissional e livre de doenças psicossomáticas oriundas de rancor e estresse.

Façamos parte dos 5%, mas estejamos prontos a sofre oposição. Deixemos que as pessoas predispostas a se perseguir sonhadores colham seu próprio mal, pois sempre, sempre, o colhem.


Fonte: http://www.webartigos.com/articles/2105/1/Vocecirc-Faz-Parte-Dos-5-/pagina1.html#ixzz15Y7k1p8G

A ESCOLA E A GERAÇÃO Y

Geração Y: o seu novo desafio
www.gestaoeducacional.com.br
Gestor, uma das perguntas que, se você ainda não se fez, deve fazer o quanto antes é: quem é o meu público? A quem minha instituição está atendendo? Quais são as competências que os docentes precisam desenvolver para atender bem às necessidades dessas pessoas?

Essas são algumas questões abordadas no livro Educação 2006, lançado este mês pela Humana Editorial, com a colaboração de grandes nomes da educação, como Rubem Alves, Claudio de Moura Castro e Samuel Lago. Nele, constam as mais variadas tendências para os próximos 12 meses.

Para você sentir o gostinho do que vem por aí, selecionamos alguns trechos do texto do professor da UFPR e psicólogo Eugenio Pereira de Paula Júnior. Boa leitura.

Quem é o sujeitinho que freqüenta sua escola, gestor?
Não é mais o hippie com roupas coloridas e sua alegria gratuita, nem o punk com roupas imundas e riso de escárnio. Nem o gótico com vestes escuras e ar depressivo. Também não são os cabeludos e sua música barulhenta. Quem está sentada à sua frente é a Geração Y, formada por pessoas nascidas entre 1978 e 1994, precedida pela Geração “baby boomers" (nascida entre 1945 e 1961) e pela a Geração X (nascida entre 1962 e 1977).

Mas por que Y? Existem duas analogias. Na versão descendente, seria a convergência das duas gerações precedentes: a repressiva, dos anos 50 e 60, e a libertina, dos anos 70 e 80.

Na versão ascendente, o Y seria a bifurcação para dois caminhos, um formando o cidadão, construtor da nova ordem social, e o outro formando o selvagem de Huxley, o arauto da desconstrução.

É a pós-modernidade corporificada. Platão dizia que o corpo é a prisão da alma. O corpo da geração Y encarcera uma alma pós-moderna, que se caracteriza pelo antagônico, supérfluo, efêmero, intenso, diverso, pela ambigüidade, transitoriedade, voluptuosidade e fluidez, mas também pela pressa e inversão de valores. Uma geração que sabe o que quer, mas é apática ante os problemas sociais.

É uma geração ultra-informada, porém alienada, que não sabe utilizar a informação de forma racional. É independente, desconfortável e desconfortante. Bela e assustadora. Pulsa entre o Frankenstein de Shelley e o Bom Selvagem de Rousseau.
As bases desse ser

Piaget afirmava que as pessoas constroem sua realidade a partir da realidade dada; novos esquemas alicerçam-se sobre os antigos. Rebelde, esta geração quer contradizê-lo ao construir novos esquemas sem os antigos, quer ter novos comportamentos sem bases ou fundamentos anteriores.

Disso emerge um ser de subjetividade, idiossincrático, que possui em si uma nação. O homem da Geração Y é um microcosmo auto-suficiente, o supra- umo do paradoxo da sociedade capitalista. O mundo torna-se bilhões de mundinhos que disputam entre si por seus territórios. Este paradoxo entre o particular e o coletivo gera diferenças regionais que mesclam as particularidades de cada ethos, ao mesmo tempo que padroniza comportamentos, normas e valores.

Estas diferenças, inerentes ao homem e necessárias ao movimento evolutivo, alcançaram limiares perigosos, que manifestam-se em duas instâncias:
  • Espacial: instaura-se a disputa por territórios, fronteiras e regiões que estão sendo diluídas pela globalização. Essa, com seu núcleo dialético, pasteuriza o homem, faz fronteiras virarem fumaça e os territórios se esvanecerem. O que resta são tribos, hordas e gangues vagando por um pseudo-espaço que tende a tornar-se cada vez mais virtual. A territoriedade, que contribui para a formação da identidade do indivíduo, desvaneceu-se e testemunhamos a despersonalização do eu e o conseqüente recrudescimento de vários problemas sociais, principalmente a violência.
  • Temporal: os conflitos entre gerações se acirram. Na Geração “baby boomers” os conflitos ocorriam entre netos e avós, com uma diferença de 50 anos. Na Geração X, o conflito era entre pais e filhos, com uma diferença etária de aproximadamente 20 anos. Hoje o conflito de gerações é em tempo real, pois no mesmo tempo histórico vemos as mais diversas disputas de valores e tudo fica obsoleto, desatualizado e antiquado mais rápido.
O que acarreta

Há ainda o problema das fronteiras etárias que diluem a cronologia. A idade passa a ser um estado mental/cognitivo ou de espírito. São jovens de 25 anos, mais velhos do que senhores de 70, adolescentes de 30 anos e crianças de 8 anos que já abandonaram os brinquedos.

O acirramento das diferenças pode tornar-se veneno se ultrapassar o limiar do racional. O perigo é a ruptura total, uma divisão radical em que se perca o contato espacial e temporal e não exista mais um amalgama para a ordem social. Pode ainda findar num fundamentalismo entre o novo e o velho, particular e coletivo, interno e externo, metrópole e interior, e teremos um mundo inabitável, cujas vítimas serão incontáveis.

Embora o momento histórico pareça crítico, lembremos de Marx, quando ele dizia que o homem se faz ao fazer o mundo. A visão determinista não precisa ser o script do mundo. Guardando as devidas proporções entre Victor Hugo, que nos convida a apostar no homem, e Emile Zola, que nos adverte a não nos iludirmos com este mesmo homem, a humanidade possui a capacidade de salvar ou acabar com o planeta.
Influências tecnológicas

A mídia tem sido muito eficiente, embora na direção errada, em influenciar condutas. A televisão, com seus objetivos escusos, qualidade duvidosa e efeitos desastrosos, é seu principal instrumento e tem dois efeitos sobre a Geração Y.

1- Como veículo é difusora de regras, ideologias e valores, pois influencia e determina o comportamento de seus usuários (ou seriam vitimas?). A televisão acompanhou o crescimento da Geração X e influencia a Geração Y. Tornou-se veículo e objeto da globalização e da pós-modernidade, sendo um instrumento poderoso na formação ideológica e até de dominação cultural entre os povos. É comum ouvirmos de uma criança diante de um televisor frases do tipo “eu quero um daquele” (produto) e “eu quero ser igual a ele” (ao ídolo).

2- Como aparelho, a televisão imbeciliza o indivíduo, que fica passivo diante da tela. A televisão, que está presente em casas sem geladeira, é colocada em um locus em forma de altar e ganha status de santuário. Isola as pessoas, pois cada um tem seu aparelho e, quando seu uso é coletivo, implica em que todos se calem. O tempo em que o aparelho fica ligado é infinitas vezes maior do que o tempo gasto em leitura ou conversas de qualidade.

Aliar a televisão, o computador e a Internet está trazendo mudanças profundas na nova ordem social, talvez tão profundas quanto o fez o automóvel no século XX. Porém, ainda é prematuro fazer uma análise mais segura destas mudanças. Não devemos estranhar se virmos a Internet sendo ferramenta de dominação e desconstrução do indivíduo, jogando-o novamente nas armadilhas da degredação.
Sem lema

As artes também fazem parte destas armadilhas, e o que seria instrumento de conscientização e libertação da opressão torna-se ferramenta de dominação, desconstrução e alienação.

O primeiro deles, o cinema, tornou-se veículo de pasteurização do indivíduo, haja vista os recordes de bilheteria dos filmes “comerciais”, enquanto os “intelectuais” são exibidos em salas praticamente vazias.

O segundo instrumento, que seria uma ferramenta em prol da humanidade – o teatro – foi relegado aos porões e espaços alternativos. E a música, terceiro instrumento, que na Geração X foi o escudo e a espada contra a opressão militar, hoje é refém do mercado fonográfico e toca a trilha sonora da alienação. A música comercial e a música cultural travam uma luta desigual nas rádios e shows.
Modelos

A família e a escola, outros dois agentes de relação, devem ser tratados com mais cuidado. Os pais dos anos 50 e 60 foram modelos de como não deveríamos ou não gostaríamos de ser. Os dos anos 70 e 80 não formam modelos, estavam ausentes. Agora buscamos o meio termo: pais que sejam modelos a serem seguidos. Não precisam ser perfeitos, basta serem humanos e conscientes.

A Geração Y esta se preparando para exercer sua função de família e um obstáculo deve ser transposto: a qualificação dos pais. Os pais de hoje não querem, não podem e não sabem educar seus filhos. Não querem porque não os planejaram; os filhos apareceram por “acidentes” ou “descuidos”. Não podem porque trabalham para prover as condições materiais e acabam impedidos da convivência para uma formação moral da criança. E não sabem porque não tiveram um modelo de como ser pais.

Desta inadequação da família surge a conflituosa relação entre pais e filhos, que tem se mostrado desigual, pois os filhos (mais letrados e sociabilizados) possuem maior força e habilidade argumentativa. Os pais, por outro lado, além de não dominarem a mesma retórica, estão impossibilitados de usarem ações coercitivas.
Escola
Para a Geração “baby boomers”, a escola era o santuário do saber. Na Geração X esta torna-se uma praça de guerra entre professores e alunos, bem ilustrada no filme “Ao mestre com carinho”.

Hoje a escola tornou-se a arena na qual os professores que perderam aquela guerra estão jogados às feras. Na escola particular ele é tratado como reles empregado, devendo subjugar-se aos caprichos dos alunos que alegam pagar seu soldo. Na escola pública o professor deve conter-se para não ser vítima da violência de alunos que não conhecem limites.

Entretanto, nem tudo é desastre. Existe alternativa a todo este pessimismo. O capitalismo cria sua própria ruína, traz em si a semente de mostarda da sua superação. A televisão tem em seu ventre a semente da conscientização. A Internet pode socializar a resistência. No cinema ainda veremos o “Davi” Almodóvar vencer o “Golias” Spielberg. No teatro Brecht, Tchecov e Pirandelo ainda não apresentaram o último ato, o ato da humanidade. E a música poderá ser a trilha sonora de uma sociedade mais justa e menos desigual.

A escola deve tornar-se uma Umuarama (onde todos se encontram) e os professores são convocados a tornarem-se catalisadores do otimismo. As aulas devem ser os círculos de cultura de Paulo Freire e os alunos serão protagonistas de um novo mundo.
Soluções possíveis

Enfim, para que a Geração Y tenha parâmetros e fundamentos em suas ações futuras, é preciso resgatar a função da família ou encontrar uma instituição substituta (talvez uma nova escola), para a construção das bases, individuais e sociais, da coletividade.

O grande desafio dos pais e educadores é alimentar esta geração faminta. Com fome de afeto, orientação e valores. O desafio é descobrir as potencialidades de cada filho/aluno. Construir com ele profecias auto-realizáveis positivas e vitoriosas. É necessário construir vias de negociação, conversação e diálogo.

Num momento histórico em que riqueza tecnológica contrasta com pobreza cognitiva, é preciso despertar a curiosidade inerente a cada indivíduo em prol da superação (e não criação) dos problemas sociais. Na contramão da história, é preciso construirmos em nossos alunos a preocupação com a polis, com o coletivo, abandonando a visão egocêntrica do cada um por si.

Temos os suportes materiais e sociais, é hora de investirmos em inteligência científica e nas capacidades acadêmicas de todos os indivíduos. É preciso uma nação intelectual (com todos os cérebros oferecendo todas as suas potencialidades ao todo) e não uma elite intelectual, expropriada pelo capital.

VAMOS PARA A CORÉIA

Para os jovens sul-coreanos, a Pedagogia é um campo promissor. O prestígio da carreira de professor na Coréia do Sul faz com que os jovens sonhem em seguir a profissão. Até mesmo quem não é sul-coreano compartilha o desejo. Soleiman Dias, brasileiro de Fortaleza, foi para Seul lecionar, em 2001, depois de concluir mestrado em Educação Internacional nos Estados Unidos. Deu aulas de Imersão Cultural, disciplina que trata de valores tradicionais coreanos sob um olhar estrangeiro para turmas de 1º e 2º anos do Ensino Fundamental na Kyonggi Elementary School. "Essa atuação me valeu o título de cidadão honorário da Coréia do Sul, que recebi das mãos do prefeito de Seul, no ano passado." Sempre muito ligado ao ensino - é filho de uma funcionária pública que trabalhava no Ministério da Educação e de um professor universitário de Língua Portuguesa -, Soleiman conta que escolheu ser professor na Coréia do Sul por saber que lá teria boas condições de trabalho. Além de benefícios e bônus conforme os anos de experiência, um recém-formado que trabalha 40 horas semanais ganha o equivalente a 4 mil reais por mês. Com 20 anos de carreira, esse valor dobra. "Além de receber um salário digno e de ter três meses de férias - muito mais do que os 12 dias dos outros profissionais -, sou tido como essencial para o país."

APENAS OS MELHORES PROFESSORES

Selecionar os melhores professores. Este é o quarto mandamento do estudo da consultoria McKinsey para uma nação chegar ao topo da Educação. O estudo, chamado de Os Sistemas Escolares de Melhor Desempenho do Mundo Chegaram ao Topo, diz que: "A qualidade de um sistema educacional não será maior que a qualidade de seus professores."

Outros estudos comprovam que o professor é o principal responsável pelo sucesso da aprendizagem. Seu conhecimento e sua atuação em sala de aula são o fator mais decisivo para o desempenho da turma, ultrapassando em importância o material didático e as metodologias de ensino. Não por acaso, escolher bons profissionais é uma das políticas mais disseminadas entre os países de alto desempenho. Na Coréia do Sul, considerado o modelo a seguir, os futuros professores do Ensino Fundamental são recrutados entre os 5% dos alunos com melhor desempenho no Ensino Médio - as notas de corte da carreira são altíssimas. Situação bem diferente da brasileira: por aqui, boa parte do professorado vem dos 20% piores alunos. Nesse grupo, um em cada três estudantes sonha com a docência. Entre os 20% melhores alunos, a carreira atrai um contingente bem menor: só 11% das turmas.

A receita sul-coreana para seduzir os melhores é uma combinação de salário inicial atraente, possibilidade de aprimoramento profissional e chance de trabalhar numa carreira valorizada socialmente - coisas distantes da nossa realidade.

Graças a uma formação de ótima qualidade, a salários iniciais atraentes - o equivalente a 4 mil reais mensais - e à valorização da função de professor, a Coréia do Sul consegue direcionar para o Magistério seus melhores alunos. Os futuros educadores só garantem vaga na faculdade após terem sua performance no equivalente ao Ensino Médio avaliada e tirarem pontos altíssimos em uma prova. Contam também para a seleção o conhecimento em línguas e Matemática e as habilidades de comunicação, básicas para quem ensina. Dessa peneira, saem só os 5% de melhor desempenho.

Concluir o curso também não é fácil. São quatro anos em período integral, com estágios em escolas que funcionam dentro da universidade, onde os estudantes são acompanhados por tutores. Terminada a graduação, é hora de fazer o mestrado, obrigatório para lecionar (leia o quadro à direita). São estímulos a infra-estrutura oferecida pela rede pública e a garantia de trabalho - o número de graduandos atende apenas à demanda.

Situação bem diferente é encontrada no Brasil, onde 30% dos estudantes de Pedagogia saem do grupo com as piores notas no Ensino Médio. Os resultados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) de 2005 mostram que apenas 2% desses cursos tiveram nota máxima. A má formação dos jovens é reflexo também de sua condição socioeconômica. Pesquisa realizada com base nesse exame pela consultora em Educação pública Paula Louzano mostra que 50% das mães dos futuros professores concluíram apenas o 1º ciclo do Ensino Fundamental - contra apenas 19% dos estudantes de Engenharia, por exemplo (leia mais no quadro da página ao lado). Outro dado emblemático é que cerca de 48% das famílias dos professores têm renda mensal de no máximo três salários mínimos. Configura-se, assim, um círculo vicioso: jovens mal formados ingressam numa carreira desprestigiada - apesar de estratégica - e vão lecionar para crianças e adolescentes que sairão da Educação Básica igualmente mal formados.

PARCERIAS - UM COMEÇO IMPORTANTE

Dicas de Marcos Antônio Biffi, professor da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Grande São Paulo, e de Emerson Morais, gerente-executivo do Sebrae.
1. Levante dados Entreviste a comunidade e analise o desempenho dos alunos para definir problemas, prioridades e objetivos.
2. Elabore um projeto Escreva uma proposta com as metas, os custos e as contrapartidas que a escola oferece para o possível parceiro.
3. Escolha o parceiro certo Busque entidades próximas com experiência em educação. Antes de marcar a reunião, conheça a missão delas.
4. Prepare-se para o encontro Seja claro nas intenções do projeto e evite o "pedagogês".
5. Invista na avaliação Explicite como serão medidos e divulgados os resultados.
6. Tenha iniciativa Preveja os possíveis problemas e tenha planos para resolvê-los.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

SÓ DE SACANAGEM

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.
Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."
Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!
(texto lido por Ana Carolina em seu show)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

DICIONÁRIO...

O CAVALO E O PORCO

Um fazendeiro colecionava cavalos e só faltava uma determinada raça. Um dia ele descobriu que o seu vizinho tinha este determinado cavalo.Assim,ele atazanou seu vizinho até conseguir comprá-lo.
Um mês depois o cavalo adoeceu, e ele chamou o veterinário:
- Bem, seu cavalo está com uma virose, é preciso tomar este medicamento durante três dias, no terceiro dia eu retornarei e caso ele não esteja melhor, será necessário sacrificá-lo.
Neste momento, o porco escutava toda a conversa.
No dia seguinte deram o medicamento e foram embora.
O porco se aproximou do cavalo e disse:
 - Força amigo! Levanta daí, senão você será sacrificado!!!
No segundo dia, deram o medicamento e foram embora.
O porco se aproximou do cavalo e disse: - Vamos lá amigo, levanta senão você vai morrer! Vamos lá, eu te ajudo a levantar... Upa! Um, dois, três.
No terceiro dia deram o medicamento e o veterinário disse:
- Infelizmente, vamos ter que sacrificá-lo amanhã, pois a virose pode contaminar os outros cavalos.
Quando foram embora, o porco se aproximou do cavalo e disse:
- Cara é agora ou nunca, levanta logo! Coragem! Upa! Upa! Isso, devagar! -ótimo, vamos, um, dois, três, legal, legal, agora mais depressa vai... Fantástico! Corre, corre mais! Upa! Upa! Upa! Você venceu!!!
Então de repente o dono chegou, viu o cavalo correndo no campo e gritou:
- Milagre! O cavalo melhorou. Isso merece uma festa...'Vamos matar o porco!' 

Ponto de reflexão:
Isso acontece com freqüência no ambiente de trabalho. Ninguém percebe quem é o funcionário que tem o mérito pelo sucesso.
Saber viver sem ser reconhecido é uma arte. 
Se algum dia alguém lhe disser que seu trabalho não é o de um profissional, lembre-se: Amadores construíram a Arca de Noé e profissionais,o Titanic.
 
Procure ser uma pessoa de valor, em vez de ser só uma pessoa de sucesso. 
Prestígio só dá dinheiro para a Nestlé.  

 

COMO ELABORAR UM CURRÍCULO DE FORMA INTEGRADA

A sistematização de conhecimentos na escola, programada para 200 dias letivos, é proveitosa na medida em que faz sentido para cada um dos alunos, para a turma, para a comunidade escolar. Enfim, se há conexão significativa com realidade em que vivem.
Assim, ao elaborar uma proposta curricular que leve a essa integração, não se esqueça de que é preciso:
Levar em conta que o conceito de currículo, envolve outros três: currículo formal (o conteúdo previsto para ser tratado em determinada série, em Geografia, História, Matemática etc.); o currículo em ação (o que, efetivamente, acontece em sala de aula, do que foi planejado); e currículo oculto (aquilo que tanto alunos quanto professores trazem, carregado de sentidos próprios e que definem os contornos de determinada sala de aula).
Encontrar formas de fazer com que os conhecimentos universais, da natureza, do corpo humano, da expressão literária, da capacidade de conceber o mundo em quantidades e classes, enfim, o que até bem pouco tempo se chamava de disciplinas, ganhe uma dimensão social, cultural, política e ética.
Reconhecer e valorizar a identidade e a história de vida dos alunos e professores e as especificidades de cada comunidade escolar.
  Estabelecer princípios norteadores relativos à Ética (autoridade, solidariedade e respeito ao bem comum); à Política (direitos e deveres da cidadania e respeito à ordem democrática); e à Estética (sensibilidade, criatividade e diversidade artística e cultural).
Identificar os conceitos, conteúdos e valores que devem ser explorados com os alunos, usando metodologias adequadas e recursos necessários.
Usar teorias e estudos, balizadores necessários para o sucesso da ação educativa.
Considerar as várias expectativas dos alunos em relação à vida e à escola, as características gerais da infância, adolescência e juventude, as particularidades de cada uma das crianças, dos adolescentes e dos jovens, em cada etapa de suas vidas.
Considerar que os alunos têm o direito de aprender e os educadores têm o dever de ensinar.
Proporcionar aos alunos a oportunidade de se reconhecerem como parte integrante de um meio físico, econômico, social e cultural e de aprenderem os modos de produção e as relações de trabalho estabelecidas entre os homens.
E, no desenvolvimento deste currículo, proporcionar a crianças e jovens:
Criar, ouvir e contar histórias: lidas, vividas ou imaginadas;
Criticar e analisar, a seu modo, a vida do seu tempo e de outros lugares, não tendo reforçados conceitos ou comportamentos segregadores, preconceituosos e/ou desrespeitosos;
 Brincar com diferentes tipos de brinquedos e jogos, nas formas próprias, adequadas e desejadas por eles próprios nas diferentes etapas de vida;
Sentirem-se acolhidos e respeitados na escola, considerando-se suas diferentes formas de ver, de ser, de sentir e de participar;
Experimentar, descobrir e inventar sempre que possível;
Crescer sem medo e com vontade de conhecer sempre mais;
Ser incentivados a perguntar e a manter viva a chama da curiosidade.  

Artigo: currículo e sucesso escolar

Para o educador Antônio Flávio Barbosa Moreira, professor titular da UFRJ e pesquisador na área de Currículo, a seleção de conteúdos deve levar em conta a sala de aula como espaço de pesquisa, de construção e reconstrução do conhecimento
Já na década de 1970, autores associados à chamada sociologia do currículo destacaram a importância do conhecimento escolar na definição do sucesso e do fracasso escolar. Argumentou-se, neste momento, que as seleções que compõem o currículo contribuiriam tanto para garantir os bons resultados de alguns estudantes, como para acentuar as dificuldades vividas por outros no processo de aprendizagem.

Em casos extremos, o currículo poderia mesmo ser visto como parcialmente responsável pela exclusão de elevado contingente de alunos das escolas e das salas de aula. O currículo, portanto, deveria ser reformulado, ter seu caráter acadêmico reduzido e passar a incluir conteúdos não hierarquizados, significativos para o aluno e relacionados aos seus saberes e às experiências do cotidiano.

A crença de que mudanças na seleção, na organização e na estratificação do conhecimento podem provocar transformações radicais na educação e na sociedade já se revelou ingênua e irrealista. Sabe-se hoje que nem as escolas, nem as renovações curriculares, nem os professores são tão poderosos assim. Entretanto, o currículo faz diferença.

Podendo ser concebido como uma seleção da cultura, o currículo, assim como a cultura, configura um espaço produtivo em que, em meio a relações sociais assimétricas, se produzem, preservam e compartilham significados.


O currículo portanto, nada tem de inocente, já que, no processo de divulgar, valorizar e reforçar certos significados, saberes, habilidades, valores e crenças, favorece sucessos e fracassos, bem como estimula a construção de certas identidades sociais. No currículo trava-se, então, uma disputa feroz.


Se o currículo não fizesse diferença, certamente, não se constituiria em preocupação evidente de todo governo que se inicia. Contemporaneamente, são inúmeros os processos de reformulação curricular que se desenvolvem em diferentes países, envolvendo os distintos graus de ensino.

Assim, como o currículo sem dúvida faz diferença, cabe reiterar a necessidade de se refletir sobre que conhecimentos podem favorecer o sucesso escolar e, simultaneamente, a formação de indivíduos comprometidos com o desenvolvimento da solidariedade e da justiça social.

Que desafios precisariam ser enfrentados pelos que pretendem selecionar e organizar conhecimentos nessa perspectiva? Destaco dois deles. O primeiro é identificar, em cada disciplina, que conteúdos podem favorecer a crítica cultural e tornar a escola um espaço de questionamento do existente. A idéia é que as atividades curriculares podem e devem mostrar ao aluno que as coisas não são inevitáveis.

Os questionamentos que se façam em cada sala de aula devem, nesse sentido, perturbar, desestabilizar, desafiar as justificativas do existente, do que é tido como natural. Nesse processo, os saberes e os interesses do aluno deverão ser acolhidos, respeitados, criticados e confrontados com outros saberes, também criticados, que procuram explicar o existente. Tais questionamentos podem não mudar o mundo, mas poderão permitir que o aluno o compreenda melhor.


Como segundo desafio, proponho que se oriente a seleção e a organização dos conteúdos pelo ponto de vista de que a sala de aula é um espaço de pesquisa, de construção e de reconstrução do conhecimento. Como professores/intelectuais, precisamos tornar-nos pesquisadores do conteúdo que ensinamos ou da prática que desenvolvemos e/ou centrar nosso ensino na pesquisa.

Nesse processo, poderemos atualizar os conteúdos com que trabalhamos, torná-los mais relevantes, aprimorar nosso desempenho profissional, assim como incentivar o estudante a investigar, a buscar, a aprender prazerosamente, a conhecer coisas novas e, mais uma vez, a criticar o existente.


Conseguiremos anular todos os aspectos do processo curricular que têm contribuído para o fracasso escolar? Provavelmente não. Outras considerações e medidas, algumas fora do âmbito pedagógico, se fazem necessárias para isso. Mas talvez poderemos tornar disponíveis para o aluno alguns dos instrumentos necessários a uma atuação mais crítica e mais criativa nesse mundo em que vivemos.

[Fonte: Revista Nós da Escola nº 5]

SOBRE CURRÍCULO

CURRÍCULO: CONCEITOS BÁSICOS

O termo currículo é encontrado em registros do século XVII, sempre relacionado a um projeto de controle do ensino e da aprendizagem, ou seja, da atividade prática da escola. Desde os seus primórdios, currículo envolvia uma associação entre o conceito de ordem e método, caracterizando-se como um instrumento facilitador da administração escolar. No presente texto, serão apresentadas as duas grandes vertentes do campo do currículo neste século: a primeira, cuja preocupação central é a construção de modelos de desenvolvimento curricular; e a segunda, na qual a ênfase recai na compreensão do currículo escolar como espaço conflitivo de interesses e culturas diversos.

                                        MODELOS DE DESENVOLVIMENTO CURRICULAR

Um dos textos mais conhecidos e utilizados no Brasil para a organização curricular é o clássico "Princípios Básicos de Currículo e Ensino", que, embora datado do final da década de 40, fundamentou a construção de propostas curriculares por várias décadas. Nesse texto, Ralph Tyler se propõe a "desenvolver uma base racional para considerar, analisar e interpretar o currículo e o programa de ensino de uma instituição educacional" . A base racional proposta pelo autor centra-se em quatro questões fundamentais que, uma vez respondidas, permitem a elaboração de qualquer currículo ou plano de ensino:
  • Que objetivos educacionais deve a escola procurar atingir?
  • Que experiências educacionais podem ser oferecidas que tenham probabilidade de alcançar esses propósitos?
  • Como organizar eficientemente essas experiências educacionais?
  • Como podemos ter certeza de que esses objetivos estão sendo alcançados?
Essa base racional para a elaboração de programas de ensino não se preocupava com a organização do sistema, pressupondo-a como dada. Por exemplo, se utilizamos o modelo de Tyler para organizar o currículo de uma escola de ensino fundamental, não temos informações sobre como dividimos os anos ou os ciclos escolares, sobre se organizamos a escolarização por disciplinas ou por núcleos temáticos, sobre como selecionar as disciplinas que deveriam constar do currículo. Essas decisões precedem, para Tyler, o processo de elaboração curricular.
Ainda hoje, as questões formuladas por Tyler tendem a servir de guias para a maioria dos projetos curriculares elaborados por administradores ou supervisores dos sistemas educacionais. É verdade, também, que nem sempre as respostas apontam os mesmos caminhos trilhados por Tyler, cuja matriz básica era o comportamentalismo. Se observarmos os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), propostos pelo MEC, verificamos que, a despeito da matriz construtivista, a organização do material segue uma racionalidade que em muito pouco difere daquela enunciada por Tyler. Todos os documentos apresentam a mesma estrutura básica com objetivos, conteúdo, critérios de avaliação e orientações didáticas. A primeira pergunta de Tyler encaminha a resposta aos dois primeiros elementos dessa estrutura: objetivos e conteúdos; a segunda e a terceira nos permitem definir orientações didáticas e ordená-las seguindo os princípios de coerência horizontal e vertical; e a quarta, aponta para os procedimentos de avaliação dos programas implementados. O modelo curricular sobre o qual se assentam os PCN foi elaborado pelo psicólogo espanhol Cesar Coll e tem uma lógica muito próxima das preocupações de Tyler.
O modelo de Coll parte de uma estrutura básica, que se torna diferenciada nos estágios subsequentes. O quadro I, retirado do livro "Psicologia e Currículo", apresenta os passos iniciais da elaboração de um currículo seguindo a lógica de Coll.
A visão de conjunto dos componentes curriculares do ensino obrigatório parte do âmbito legal, passando pelas finalidades do sistema educacional, definidas na LDB 9394/96, com o objetivo de definir as unidades de tempo do currículo (ciclos) e as áreas nas quais esse currículo está organizado. No desdobramento do modelo, no entanto, o autor não define os critérios que seriam utilizados para a determinação dos ciclos ou das áreas.
Um segundo aspecto que sobressai no modelo apresentado no Quadro I diz respeito às fontes do currículo. Para Coll, a elaboração curricular deve ter em conta a análise da realidade, operada com referenciais específicos:
  • sócio-antropológico, que considera os diferentes aspectos da realidade social em que o currículo será aplicado;
  • psicológica, que se volta para o desenvolvimento cognitivo do aluno;
  • epistemológica, que se fixa nas características próprias das diversas áreas do saber tratadas pelo currículo;
  • pedagógica, que se apropria do conhecimento gerado na sala de aula em experiências prévias.
O esquema básico apresentado no Quadro I é explicitado na estrutura do Quadro II, na página seguinte, que apresenta uma visão de conjunto da estrutura do projeto curricular. Observa-se que, para cada área curricular, Coll propõe que sejam definidos objetivos finais, blocos de conteúdo e orientações didáticas para as atividades de ensino e avaliação. Os blocos de conteúdo serão, então, seqüenciados e a programação das atividades elaborada segundo critérios estabelecidos pela proposta pedagógica em vigor no sistema escolar ou nas escolas.
Antes de analisar cada um dos componentes curriculares apresentados por Coll, cumpre salientar que o esquema apresentado no Quadro II introduz a idéia de níveis de concretização. Os níveis de concretização são níveis decisórios acerca das questões curriculares. Assim:
O 1º nível de concretização é aquele em que são definidos desde os objetivos gerais do ciclo até as orientações didáticas para os professores, passando pela definição de áreas, pela formulação de objetivos para essas áreas e pela seleção dos conteúdos de cada área por ciclo. Na concepção de Coll, esse nível de concretização deve estar a cargo de uma autoridade central, aquela responsável pelo desenho da escolarização obrigatória.
O 2º nível de concretização diz respeito à temporalização e seqüenciação dos aprendizados ao longo do ciclo. Coll define temporalização como "a distribuição temporal do conjunto de aprendizagens específicas que os alunos devem realizar para adquirir as capacidades estipuladas pelos objetivos gerais do ciclo" (p.170). Uma vez que os objetivos tenham sido distribuídos no tempo, os conteúdos selecionados devem ser analisados e seqüenciados, de acordo com os seguintes passos estabelecidos por Coll:
1º - identificação dos principais componentes dos blocos de conteúdos;
2º - análise das relações entre os componentes e estabelecimento de estruturas de conteúdos;
3º - estabelecimento da seqüenciação com base nas relações e estruturas esta-belecidas.
Esse nível de concretização ainda é pensado como um nível central a cargo de grupos responsáveis pela administração da educação.
O 3º nível de concretização diz respeito aos "diferentes programas de ação didática em função das características concretas das diversas situações educativas" (p. 177). Segundo Coll, esse nível de concretização é de responsabilidade dos Centros Escolares (na nossa realidade, das escolas ou grupo de escolas) e permite a adaptação do modelo curricular às peculiaridades de cada caso. O autor ressalta que esse nível já não pode ser entendido como integrante do projeto curricular, sendo uma ilustração acerca da maneira como o referido projeto pode ser utilizado.
A partir das competências estabelecidas por Coll para cada nível de concretização curricular pode-se observar que, a despeito de o autor caracterizar seu modelo curricular como aberto, a centralização da proposta é bastante visível. Caberia às escolas, no modelo proposto, apenas a adaptação de um conjunto de objetivos, conteúdos e procedimentos didáticos já seqüenciados à realidade de cada escola.
Retomando o Quadro II, o Projeto Curricular Básico apresenta como componentes curriculares: objetivos finais da área, blocos de conteúdos da área e orientações didáticas, todos definidos para um determinado tempo - os ciclos previamente estabelecidos. A concretização dos objetivos gerais da área por ciclo se estabelece a partir de aprendizagens específicas, sendo fundamental a determinação simultânea dos blocos de conteúdos e dos objetivos finais de cada área.
Para Coll, conteúdos são "o conjunto de formas culturais e de saberes selecionados para integrar as diferentes áreas curriculares em função dos objetivos gerais da área" (p.161 e 162). Para selecionar os conteúdos, deve-se buscar responder à seguinte questão:
que conteúdos devem ser levados em conta na área curricular determinada para que o aluno adquira, no final do ciclo, as capacidades estipuladas pelos objetivos gerais da área?
O conjunto de conteúdos assim selecionados pode ser subdividido em:
a) fatos discretos, conceitos e princípios;
b) procedimentos;
c) valores, normas e atitudes.
Pode-se definir cada um dessas subdivisões como:
  • Fatos discretos: informações não articuladas
  • Conceito: designa o conjunto de objetos, acontecimentos e símbolos com algumas características comuns
  • Princípio: enunciado que descreve como as mudanças que ocorrem em um conjunto de objetos, acontecimentos, situações ou símbolos relacionam-se com as mudanças que ocorrem em outros conjuntos
  • Procedimento: conjunto de ações ordenadas e finalizadas, ou seja, orientadas para o atingimento de uma meta
  • Valor: princípio normativo que preside e regula o comportamento das pessoas em qualquer momento ou situação
  • Normas: regras de comportamento que as pessoas devem respeitar em determinadas situações
  • Atitude: tendência a comportar-se de forma consistente e persistente ante determinadas situações
Em função dessa classificação dos conteúdos, Coll define os objetivos finais da área, organizando uma taxionomia de objetivos baseada nos três grupos nos quais classifica os objetivos. Essa taxionomia apresenta um conjunto de verbos para cada conjunto de objetivos desejados (p. 165 e 166):
  • Fatos, conceitos e princípios: identificar, reconhecer, classificar, descrever, comparar, conhecer, explicar relacionar, situar, lembrar, analisar, inferir, generalizar, comentar, interpretar, tirar conclusões, esboçar, indicar, enumerar, assinalar, resumir, distinguir, aplicar.
  • Procedimentos: manejar, confeccionar, utilizar, construir, aplicar, coletar, representar, observar, experimentar, testar, elaborar, simular, demonstrar, reconstruir, planejar, executar, compor.
  • Valores, normas e atitudes: comportar-se (de acordo com), respeitar, tolerar, apreciar, ponderar (positiva ou negativamente), aceitar, praticar, ser consciente de, reagir a, conformar-se com, agir, conhecer, perceber, estar sensibilizado, sentir, prestar atenção a, interessar-se por, obedecer, permitir.
Acompanhando a listagem de conteúdos e os objetivos de cada área, o projeto curricular deve apresentar um resumo das opções didáticas e metodológicas, assim como os procedimentos para a avaliação da consecução dos objetivos gerais das áreas por ciclo. No caso do modelo proposto pelo autor, esses procedimentos de avaliação devem seguir os princípios do construtivismo, opção pedagógica assumida por Coll.
O modelo de Coll permite alguns questionamentos:
  • O caráter psicológico da educação é priorizado, esquecendo-se de aspectos sociais e culturais.
  • O caráter técnico da elaboração curricular é priorizado, com o estabelecimento de uma taxionomia de objetivos de natureza comportamental, a despeito da ênfase construtivista que o autor diz apresentar.
  • O controle do planejamento curricular é posto nas mãos de especialistas em currículo ligados aos órgãos centrais de planejamento de ensino.
  • A participação das unidades escolares e dos professores é reduzida no processo de planejamento curricular, cabendo-lhes adaptar as diretrizes curriculares à realidade de cada escola e elaborar os planos de aula.
                                                    Reflexões Críticas em Currículo

Nos modelos curriculares acima apresentados, currículo pode ser interpretado como um produto elaborado por especialistas, a partir de diretrizes, visando a uma programação das atividades de ensino que direcionam os alunos para atingir comportamentos desejados e pré-determinados.
Visões alternativas sobre o conceito de currículo são apresentadas a seguir:
  • O currículo tem que ser entendido como a cultura real que surge de uma série de processos, mais que como um objeto delimitado e estático que se pode planejar e depois implantar; aquilo que é, na realidade, a cultura nas salas de aula, fica configurado em uma série de processos: as decisões prévias acerca do que se vai fazer no ensino, as tarefas acadêmicas reais que são desenvolvidas, a forma como a vida interna das salas de aula e os conteúdos de ensino se vinculam com o mundo exterior, as relações grupais, o uso e o aproveitamento de materiais, as práticas de avaliação etc. (Sacristán, J.G., 1995, p.86-87).
  • Currículo é o conjunto daquilo que se ensina e daquilo que se aprende, de acordo com uma ordem de progressão determinada, no quadro de um dado ciclo de estudos. Um currículo é um programa de estudos ou um programa de formação, mas considerado em sua globalidade, em sua coerência didática e em sua continuidade temporal, isto é, de acordo com a organização seqüencial das situações e das atividades de aprendizagem às quais dá lugar. (Forquin, 1996, p.188).
  • O currículo representa muito mais do que um programa de estudos, um texto em sala de aula ou o vocabulário de um curso. Mais do que isso, ele representa a introdução de uma forma particular de vida; ele serve, em parte, para preparar os estudantes para posições dominantes ou subordinadas na sociedade existente. O currículo favorece certas formas de conhecimento sobre outras e afirma os sonhos, desejos e valores de grupos seletos de estudantes sobre outros grupos, com freqüência discriminando certos grupos raciais, de classe ou gênero. (McLaren, 1977, p. 216)
Nos trechos acima, alguns aspectos merecem ser destacados:
1º - Os currículos escolares transcendem os guias curriculares
O material escrito representa apenas uma das dimensões do currículo: o currículo formal ou escrito. Nele encontram-se cristalizados os acordos estabelecidos entre os participantes do processo de elaboração curricular. Embora o cotidiano da sala de aula sofra uma grande influência do currículo formal, ele não é totalmente determinado por esse documento. No dia-a-dia curricular acontecem muitas manifestações não prescritas no currículo escrito. Esse cotidiano da sala de aula é também uma das dimensões do currículo denominada currículo vivido.
Tanto o currículo formal, quanto o vivido, constituem um ambiente simbólico, material e humano que se modifica constantemente. Dessa forma, as decisões curriculares não são neutras nem científicas, envolvendo questões técnicas, políticas, éticas e estéticas (Apple, 1991). Essas dimensões que perpassam qualquer formulação curricular constituem o que se denomina currículo oculto. É por intermédio, especialmente, do currículo oculto que diferentes mecanismos de poder penetram na escola sem que estejam explícitos no currículo formal ou vivido.
2º - O currículo não é um conjunto de objetivos, conteúdos, experiências de aprendizagem e avaliação
Objetivos, conteúdos, procedimentos metodológicos e procedimentos de avaliação são componentes curriculares. O estabelecimento da periodização do tempo escolar, a opção por uma determinada forma de organização dos conteúdos (disciplinar, por eixos, por temáticas), a integração entre os conteúdos de um mesmo período ou de período subseqüentes são outros aspectos que precisam ser considerados ao se elaborar um currículo.
No entanto, esses aspectos requerem decisões que não são apenas de natureza técnica. Elas têm implicações nas formas de conceber a sociedade, a escola, o conhecimento. Elas são formas culturais de organização da escolarização e essas formas configuram o currículo. Por exemplo, uma prática de avaliação meramente classificatória funciona como mecanismo de diferenciação social dos indivíduos não apenas na escola, mas em toda a sua vida social. Não se trata, portanto, apenas de uma decisão técnica acerca de uma determinada metodologia de trabalho em sala de aula.
3º - O currículo escolar não lida apenas com o conhecimento escolar, mas com diferentes aspectos da cultura
A escola moderna está muito acostumada com a idéia de que deve se ocupar da transmissão/ assimilação/ construção do conhecimento. Isso é verdade, na medida em que a especificidade da escola é o trato com o conhecimento escolar. No entanto, o conhecimento é apenas uma das facetas da cultura construída e reconstruída no ambiente escolar.
Ainda que a ênfase dos currículos escolares tenda a recair constantemente sobre os conteúdos escolares, esses conteúdos fazem parte de um padrão cultural influenciado pelo currículo oculto. A escolha de um determinado padrão cultural na seleção de conteúdos para um dado currículo expressa uma valorização desse padrão em detrimento de outros.
Todo currículo é um processo de seleção, de decisões acerca do que será e do que não será legitimado pela escola. A existência um conjunto de culturas negadas pelo currículo cria nos alunos pertencentes a essas culturas um sentimento de alijamento do que é socialmente aceito.
4º- A seleção de conteúdos e procedimentos que comporão o currículo é um processo político
Os modelos curriculares técnicos sempre buscaram definir parâmetros científicos através dos quais se deveria realizar a seleção e a organização dos conteúdos e dos procedimentos escolares. Embora alguns parâmetros científicos existam, eles não são neutros e desinteressados. Ao contrário, embutem em si uma compreensão política do mundo e são, também eles, negociados pelas comunidades que os definem. Assim, os professores de matemática, por exemplo, partilham crenças e atitudes que direcionam a seleção dos conteúdos e dos procedimentos escolares. Tais crenças e atitudes originam-se no processo histórico do qual participam esses atores.
Em síntese, ao propor determinada organização curricular, a sociedade está realizando uma seleção histórica, problemática que reflete, em alguma medida, a distribuição de poder que se dá em seu interior.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COLL, Cesar. Psicologia e Currículo, São Paulo: Ática, 1996.
TYLER, Ralph. Princípios Básicos de Currículo e Ensino. Porto Alegre: Globo, 1974

 
 
 
 
 

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