APRESENTAÇÃO


Este site foi criado para disponibilizar material didático aos professores do Esquema I - Centro Paula Souza, nas disciplinas Metodologia de Ensino e Currículos da Educação Profissional.

Aqui você encontrará uma série de textos, experiências e propostas de recursos para serem utilizados no dia a dia sempre dinâmico da sala de aula.

Como no ensino-aprendizagem não há receitas e o ensinar é sempre um constante desafio, ficam aqui registradas as muitas vivências de diversos profissionais.

Agora nossos estudos estarão voltados para a Gestão Escolar, assunto importantíssimo para todos.

Espero que gostem !

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

COMO ELABORAR UM CURRÍCULO DE FORMA INTEGRADA

A sistematização de conhecimentos na escola, programada para 200 dias letivos, é proveitosa na medida em que faz sentido para cada um dos alunos, para a turma, para a comunidade escolar. Enfim, se há conexão significativa com realidade em que vivem.
Assim, ao elaborar uma proposta curricular que leve a essa integração, não se esqueça de que é preciso:
Levar em conta que o conceito de currículo, envolve outros três: currículo formal (o conteúdo previsto para ser tratado em determinada série, em Geografia, História, Matemática etc.); o currículo em ação (o que, efetivamente, acontece em sala de aula, do que foi planejado); e currículo oculto (aquilo que tanto alunos quanto professores trazem, carregado de sentidos próprios e que definem os contornos de determinada sala de aula).
Encontrar formas de fazer com que os conhecimentos universais, da natureza, do corpo humano, da expressão literária, da capacidade de conceber o mundo em quantidades e classes, enfim, o que até bem pouco tempo se chamava de disciplinas, ganhe uma dimensão social, cultural, política e ética.
Reconhecer e valorizar a identidade e a história de vida dos alunos e professores e as especificidades de cada comunidade escolar.
  Estabelecer princípios norteadores relativos à Ética (autoridade, solidariedade e respeito ao bem comum); à Política (direitos e deveres da cidadania e respeito à ordem democrática); e à Estética (sensibilidade, criatividade e diversidade artística e cultural).
Identificar os conceitos, conteúdos e valores que devem ser explorados com os alunos, usando metodologias adequadas e recursos necessários.
Usar teorias e estudos, balizadores necessários para o sucesso da ação educativa.
Considerar as várias expectativas dos alunos em relação à vida e à escola, as características gerais da infância, adolescência e juventude, as particularidades de cada uma das crianças, dos adolescentes e dos jovens, em cada etapa de suas vidas.
Considerar que os alunos têm o direito de aprender e os educadores têm o dever de ensinar.
Proporcionar aos alunos a oportunidade de se reconhecerem como parte integrante de um meio físico, econômico, social e cultural e de aprenderem os modos de produção e as relações de trabalho estabelecidas entre os homens.
E, no desenvolvimento deste currículo, proporcionar a crianças e jovens:
Criar, ouvir e contar histórias: lidas, vividas ou imaginadas;
Criticar e analisar, a seu modo, a vida do seu tempo e de outros lugares, não tendo reforçados conceitos ou comportamentos segregadores, preconceituosos e/ou desrespeitosos;
 Brincar com diferentes tipos de brinquedos e jogos, nas formas próprias, adequadas e desejadas por eles próprios nas diferentes etapas de vida;
Sentirem-se acolhidos e respeitados na escola, considerando-se suas diferentes formas de ver, de ser, de sentir e de participar;
Experimentar, descobrir e inventar sempre que possível;
Crescer sem medo e com vontade de conhecer sempre mais;
Ser incentivados a perguntar e a manter viva a chama da curiosidade.  

Artigo: currículo e sucesso escolar

Para o educador Antônio Flávio Barbosa Moreira, professor titular da UFRJ e pesquisador na área de Currículo, a seleção de conteúdos deve levar em conta a sala de aula como espaço de pesquisa, de construção e reconstrução do conhecimento
Já na década de 1970, autores associados à chamada sociologia do currículo destacaram a importância do conhecimento escolar na definição do sucesso e do fracasso escolar. Argumentou-se, neste momento, que as seleções que compõem o currículo contribuiriam tanto para garantir os bons resultados de alguns estudantes, como para acentuar as dificuldades vividas por outros no processo de aprendizagem.

Em casos extremos, o currículo poderia mesmo ser visto como parcialmente responsável pela exclusão de elevado contingente de alunos das escolas e das salas de aula. O currículo, portanto, deveria ser reformulado, ter seu caráter acadêmico reduzido e passar a incluir conteúdos não hierarquizados, significativos para o aluno e relacionados aos seus saberes e às experiências do cotidiano.

A crença de que mudanças na seleção, na organização e na estratificação do conhecimento podem provocar transformações radicais na educação e na sociedade já se revelou ingênua e irrealista. Sabe-se hoje que nem as escolas, nem as renovações curriculares, nem os professores são tão poderosos assim. Entretanto, o currículo faz diferença.

Podendo ser concebido como uma seleção da cultura, o currículo, assim como a cultura, configura um espaço produtivo em que, em meio a relações sociais assimétricas, se produzem, preservam e compartilham significados.


O currículo portanto, nada tem de inocente, já que, no processo de divulgar, valorizar e reforçar certos significados, saberes, habilidades, valores e crenças, favorece sucessos e fracassos, bem como estimula a construção de certas identidades sociais. No currículo trava-se, então, uma disputa feroz.


Se o currículo não fizesse diferença, certamente, não se constituiria em preocupação evidente de todo governo que se inicia. Contemporaneamente, são inúmeros os processos de reformulação curricular que se desenvolvem em diferentes países, envolvendo os distintos graus de ensino.

Assim, como o currículo sem dúvida faz diferença, cabe reiterar a necessidade de se refletir sobre que conhecimentos podem favorecer o sucesso escolar e, simultaneamente, a formação de indivíduos comprometidos com o desenvolvimento da solidariedade e da justiça social.

Que desafios precisariam ser enfrentados pelos que pretendem selecionar e organizar conhecimentos nessa perspectiva? Destaco dois deles. O primeiro é identificar, em cada disciplina, que conteúdos podem favorecer a crítica cultural e tornar a escola um espaço de questionamento do existente. A idéia é que as atividades curriculares podem e devem mostrar ao aluno que as coisas não são inevitáveis.

Os questionamentos que se façam em cada sala de aula devem, nesse sentido, perturbar, desestabilizar, desafiar as justificativas do existente, do que é tido como natural. Nesse processo, os saberes e os interesses do aluno deverão ser acolhidos, respeitados, criticados e confrontados com outros saberes, também criticados, que procuram explicar o existente. Tais questionamentos podem não mudar o mundo, mas poderão permitir que o aluno o compreenda melhor.


Como segundo desafio, proponho que se oriente a seleção e a organização dos conteúdos pelo ponto de vista de que a sala de aula é um espaço de pesquisa, de construção e de reconstrução do conhecimento. Como professores/intelectuais, precisamos tornar-nos pesquisadores do conteúdo que ensinamos ou da prática que desenvolvemos e/ou centrar nosso ensino na pesquisa.

Nesse processo, poderemos atualizar os conteúdos com que trabalhamos, torná-los mais relevantes, aprimorar nosso desempenho profissional, assim como incentivar o estudante a investigar, a buscar, a aprender prazerosamente, a conhecer coisas novas e, mais uma vez, a criticar o existente.


Conseguiremos anular todos os aspectos do processo curricular que têm contribuído para o fracasso escolar? Provavelmente não. Outras considerações e medidas, algumas fora do âmbito pedagógico, se fazem necessárias para isso. Mas talvez poderemos tornar disponíveis para o aluno alguns dos instrumentos necessários a uma atuação mais crítica e mais criativa nesse mundo em que vivemos.

[Fonte: Revista Nós da Escola nº 5]

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