Tal possibilidade decorre, principalmente, da transformação do ensino profissionalizante em complementar ao Ensino Médio, conforme expressa a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, n.º 9394/96, que também introduz a modularização daquele ensino. A separação entre curso técnico e Ensino Médio regular, permite que a visão profissional se promova sem qualquer prejuízo à formação integral do sujeito que, assim, pode aliar a bagagem intelectual à indispensável formação ética e humana, contribuindo para o desenvolvimento permanente da capacidade de entender o que ocorre no mundo.
Na escola de hoje, que deve dar conta dos conhecimentos necessários ao que o indivíduo precisa para a vida, é muito importante ter a possibilidade legal de cursar simultaneamente o Ensino Médio regular e o curso técnico, em distintos períodos de aulas, concluindo em três anos, se não houver qualquer pendência, os dois cursos integrais e de qualidade. Também é possível fazer o curso técnico em partes, freqüentando módulos, cada um dos quais fornecendo certificações parciais que dão direito ao ingresso imediato no mercado de trabalho. Isso possibilita que o jovem, antes de ingressar na faculdade, seja confrontado com várias opções de mercado e tenha condições de optar por esta formação em nível médio, na qual, de maneira complementar e flexibilizada, possa realizar uma educação permanente, que atenda às exigências da almejada sociedade do conhecimento, onde a informação é a força motriz do desenvolvimento.
Visto por esta ótica, o Ensino Médio não se limita a ser simplesmente uma etapa intermediária, a ser aquele ensino que prepara o aluno para o vestibular, mas também aquele que forma profissionais competentes, cuja atuação é bastante valorizada neste mundo pós-industrializado, que está reorganizando radicalmente o mercado de trabalho visando atender a demandas até então inéditas.
Se por um lado a escola de hoje tem dificuldade de acompanhar a velocidade deste tempo de mundialização da economia, da cultura, do trabalho, da vida, por outro, essa situação exige mais e melhor educação; necessariamente contextualizada, de qualidade, que instrumentalize o ser humano para o convívio em sociedade, para o mundo da cultura, do trabalho, dos meios de comunicação, da cidadania, dos desafios pessoais e coletivos. E o ensino técnico definido como uma modalidade complementar e articulada à educação básica, apresenta abordagens e aspectos promissores.
Se o início da formação profissional no Brasil registra somente decisões circunstanciais especialmente destinadas a “amparar os órfãos e desvalidos da sorte”, assumindo um caráter assistencialista que tem marcado seu percurso, hoje, uma das condições para o acesso ao mercado é, justamente, ter boa formação profissional. E esta, como uma estratégia para que os cidadãos tenham efetivo acesso às conquistas científicas e tecnológicas da sociedade, requer, além do domínio operacional de um determinado fazer, a compreensão global do processo produtivo, com a apreensão do saber tecnológico, a valorização da cultura do trabalho e a mobilização dos valores necessários à convivência desejável e à tomada de decisões.
Depreende- se, então, que a educação profissional no contexto atual exige uma formação geral sólida, com embasamento para a vida em sua plenitude, à qual venha somar-se qualificação especial em estreita e rigorosa cooperação com as exigências do mundo de trabalho, onde triunfarão aqueles que estiverem melhor qualificados.
Joana Maria Rodrigues Di Santo é Psicopedagoga experiente, com atuação significativa
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